sexta-feira, 10 de agosto de 2012

BANCA DO JABA É NOTICIA NO SITE G1

Bancas de jornais ampliam mix de produtos e viram loja de conveniência

Com informações online, jornaleiros se adequam ao novo mercado.
Pesquisa em 3.352 estabelecimentos traça o perfil das novas banquinhas.

 

Luciano Calafiori Do G1 Campinas e Região
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O jornaleiro Miro, que tem banca no centro de Campinas há 48 anos (Foto: Luciano Calafiori/G1 Campinas)O jornaleiro Miro, que tem banca em Campinas
  há 48 anos (Foto: Luciano Calafiori/G1 Campinas)
Se a tecnologia permite ao brasileiro acessar informações e entretenimento em tempo real pelo computador, tablet ou mesmo com um toque no celular, o jornaleiro nosso de cada dia se lançou no varejo transformando as tradicionais banquinhas de jornais e revistas em lojas de conveniência, onde se vende de tudo um pouco e até pela rede mundial de computadores.
Pesquisa da agência Toolbox TM- Trade Marketing Know How, feita com 3.352 estabelecimentos em vários estados brasileiros, aponta que 68% das bancas vendem também gomas e confeitos e 52%, bebidas refrigeradas. E 12% dos pontos visitados oferecem serviços com máquinas de fotocópias.
Jornaleiro há 48 anos em Campinas (SP), Waldomiro da Silva Ribeiro, da Banca do Miro, aumenta a lista de produtos que hoje compõem o novo cenário das bancas. “Vendemos cartão de recarga de celular, cartão zona azul e fazemos plastificação de documentos para ficarmos abertos”, conta.
Banca de jornal tradicional fechada em Campinas (Foto: Luciano Calafiori/G1 Campinas)Banca de jornal tradicional fechada em Campinas
(Foto: Luciano Calafiori/G1 Campinas)
Somente em Campinas, que tem 237 pontos oficiais de vendas de jornais e revistas, 13 fecharam as portas entre 2010 e 2012, segundo a Setec-Serviços Gerais de Campinas, autarquia que administra o uso do solo. “É a pior fase que estamos enfrentando”, afirma Valmar Neto Ribeiro, que ajuda a administrar a Banca do Miro. Ela conta que é do tempo que apenas jornais, revistas e figurinhas garantiam o ganha pão. Mas há quem ainda recorra às jornaleiros para produtos tradicionais. “Venho aqui comprar jornal e também figurinhas do álbum do Campeonato Brasileiro para o meu neto”, conta um cliente que prefere não ser identificado.

A pesquisa do perfil das bancas de jornais retrata ainda que, no estado de São Paulo, 65,6% vendem livros e 54,4% comercializam cigarros. Em média, as bancas faturam R$ 900 por dia nas maiores cidades. Em municípios de médio e grande porte, como Ribeirão Preto (SP) e Campinas, a maior parte dos comerciantes não responderam à pergunta. Já 35% disseram que faturam de R$ 100 a R$ 450. Outros 9% disseram que faturam entre R$ 451 e R$ 900. Para 5%, o ganho diário vai de R$ 901 a R$ 1.350.
Denílson Falsarella, um dos administradores da Banca do Alemão, que funciona no cruzamento da Avenida Francisco Glicério com a Rua General Osório, principal centro comercial de Campinas, relata que a venda de jornais impressos teve queda nos últimos anos por causa da internet, mas o negócio da família continua de pé devido ao novo perfil adotado no comércio, que está aberto há 60 anos.
“Com a internet, as vendas caíram um pouco, mas nós diversificamos. Vendemos bala, água, boneco mascote de time e temos clientes para coleções, que vão de carrinhos a pratos. É um bom negócio. Aquele jornaleiro que parou no tempo fecha as portas”, explica Falsarella.
A banca do Alemão aposta ainda nas publicações que estão em alta, como gibis para o público adolescente e adulto, como os da Marvel, e nas apostilas de concursos públicos. No início de agosto o país tinha 43 mil vagas em concursos públicos abertos. A região Sudeste possui 444 processos seletivos abertos, sendo que mais da metade são no estado de São Paulo.
O jornaleiro Carlos Henrique Orlando, da Banca do Jabá (Foto: Divulgação/Carlos Henrique Orlando)                                         O jornaleiro Carlos Henrique Orlando, da Banca do
Jabá (Foto: Divulgação/Carlos Henrique Orlando)
Se por um lado os jornaleiros apontam que as facilidades do mundo virtual ajudaram a mudar o perfil das bancas de jornais, a internet também já é usada como janela de vendas. O comerciante Carlos Henrique Orlando, o Jabá, de Santa Cruz do Rio Pardo (SP) tem perfil do seu negócio no Facebook, em um blog e no Twitter. “Vou colocando tudo nas redes sociais, para divulgar a banca”, conta o jornaleiro que há 20 anos trabalha no ramo. “Vou colocando as fotos e oferecendo brindes e observo que uma coisa puxa a outra”, relata Jabá, que consegue venda de revistas e coleções por meio virtual, que resultam em comercializações reais. Depois de fechado um negócio, ele envia o produto para cliente. “Muitas vezes um lançamento sai em uma determinada região do país e em outra não. Aí o cliente vê na internet e me pede”, explica Jabá.
Mas na banca física, ele também diversifica para criar clientes futuros. Com a ajuda de uma professora, ele recebe a visita de crianças de uma escola. Depois de uma palestra de como funciona o dia-a-dia da profissão, ele mostra os produtos que estão à venda. “As crianças são um filão. Temos que pensar na banca lá na frente”.

Diversificar às vendas e se enquadrar nas novas realidades do mercado são os caminhos apontados por especialistas consultados pelo G1. Para o consultor do SEBRAE Sérgio Diniz, a banca tradicional, que só vende revistas, jornais e figurinhas não vai sobreviver por muito tempo. “O jornaleiro tem que estudar o ponto, o poder aquisitivo de quem é cliente em potencial e se tiver outra banca próxima, estudar a concorrência”, relata. Investir em tecnologia também é uma aposta segundo ele, porque os clientes estão cada vez mais exigentes. “É preciso procurar se atualizar, ter as noções de marketing. Tem que mostrar sua imagem, o jornaleiro é um vendedor”, explica.
“Jornaleiros com espírito empreendedor, que tem visão ampla do mercado que atuam, investindo no ponto de venda e trabalhando na fidelização de seus clientes, persistem e se destacam no mercado. É um perfil diferente do jornaleiro que começa a aparecer com mais frequência em diversas cidades”, afirma Sérgio Ferreira, gerente de Trade Marketing da Dinap, empresa responsável pela venda de 70% das vendas avulsas de revistas, que atende 2,6 mil municípios brasileiros.
Miro, jornaleiro do Centro de Campinas, atende clientes (Foto: Luciano Calafiori/G1 Campinas)Miro, jornaleiro do Centro de Campinas, atende clientes (Foto: Luciano Calafiori/G1 Campinas)

FONTE  http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2012/08/bancas-de-jornais-ampliam-mix-de-produtos-e-viram-loja-de-conveniencia.html

 

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